Queda no Lucro Operacional Mesmo com Recorde de Receitas
A Hyundai Motor anunciou nesta quarta-feira (24) que atingiu uma receita de 48,3 trilhões de wons no segundo trimestre deste ano, entre abril e junho, marcando um novo recorde para o período. No entanto, apesar desse crescimento de 7,3% em relação ao mesmo trimestre de 2023, o lucro operacional caiu expressivos 15,8%, fechando em 3,6 trilhões de wons.
Tarifas Americanas Impactam Lucros da Hyundai
Nos Estados Unidos, a Hyundai conseguiu aumentar suas vendas em 10,3% no segundo trimestre, comercializando 256 mil veículos — um salto em relação aos 232 mil do ano anterior. Apesar do cenário favorável, com câmbio vantajoso para exportações, a companhia foi impactada negativamente pelas tarifas de 25% impostas pelo governo Trump desde abril, especialmente sobre veículos e peças produzidos fora do país.
Segundo a própria Hyundai, o efeito direto dessas tarifas no segundo trimestre chegou a 820 bilhões de wons, sendo que quase toda a queda no lucro operacional de 6,7 trilhões de wons na comparação anual é atribuída ao aumento dos impostos de importação. Vale ressaltar que, apesar da alta das tarifas, a empresa manteve os preços dos carros nos Estados Unidos, o que resultou em redução imediata da margem de lucro.
Expectativa de Pressão Maior para o Segundo Semestre
O diretor financeiro da Hyundai, Lee Seung-jo, afirmou durante a divulgação dos resultados que o impacto das tarifas deve se intensificar no segundo semestre, já que o novo imposto só passou a valer integralmente ao longo do segundo trimestre. Cerca de 20% dos custos extras no período estão ligados a tarifas sobre componentes. Como resposta, a empresa prepara estratégias para cortar custos com materiais, aumentar a produção local de peças e evitar, ao menos por enquanto, o repasse do aumento de custos ao consumidor final.
Acordo EUA-Japão Eleva a Pressão Competitiva
O cenário ficou ainda mais desafiador após o acordo entre Estados Unidos e Japão, fechado em 22 de julho, que estabeleceu tarifas de apenas 15% para carros japoneses, enquanto os veículos sul-coreanos seguem pagando 25%. Antes, pelo acordo de livre comércio entre Coreia do Sul e EUA (FTA), os veículos coreanos eram isentos de tarifas, enquanto os japoneses pagavam 2,5%. Agora, com a diferença de impostos, Hyundai e Kia devem enfrentar maior dificuldade para competir em preço com as montadoras japonesas no mercado norte-americano.
Números Detalhados do Desempenho Global
Mesmo diante das dificuldades, a Hyundai apresentou crescimento no volume total de vendas globais: foram 1,065 milhão de veículos no trimestre, alta de 0,8% sobre o ano anterior. No mercado doméstico, SUVs como o Palisade e o novo Ioniq 9 impulsionaram um crescimento de 1,5% nas vendas, com 188.540 unidades. Nos mercados internacionais, o destaque ficou para os Estados Unidos, com crescimento de 3,3% e 262.305 veículos vendidos, enquanto o total de vendas externas subiu 0,7%.
Entre os modelos de maior rentabilidade, os carros ecológicos ganharam força: as vendas de veículos eletrificados e híbridos cresceram 36,4% no comparativo anual, totalizando 262.126 unidades. Desse total, 78.802 eram elétricos e 168.703 híbridos, fortalecendo a presença da Hyundai no segmento sustentável, especialmente na Europa.
Estratégias Para Enfrentar as Tarifas
Para mitigar os impactos das tarifas e manter a competitividade, a Hyundai está acelerando o processo de localização de peças e diversificação dos fornecedores. O objetivo é tornar a produção mais flexível e menos dependente de importações. A expectativa é de que, já no terceiro trimestre, essas ações comecem a trazer resultados concretos.
A empresa também explicou que uma parte relevante dos custos das tarifas poderá ser compensada com créditos e incentivos anunciados recentemente pelo governo americano para produção local, estimando que até 20% do impacto possa ser amenizado.
Ajustes de Preço e Política Comercial
Mesmo avaliando a possibilidade de reajuste nos preços de exportação para os EUA, a Hyundai sinalizou cautela. O diretor financeiro explicou que qualquer decisão desse tipo depende de negociações bilaterais e de análises cuidadosas para evitar mal-entendidos entre os países. Por ora, a empresa mantém a política de preços e segue a estratégia conhecida como “fast follower” no mercado americano — monitorando a concorrência antes de tomar decisões de aumento de preços.
Perspectivas e Desafios
O terceiro trimestre tende a ser ainda mais desafiador, com previsões de perdas que podem superar 1 trilhão de wons em decorrência das tarifas. A Hyundai reforçou que sua prioridade é proteger a participação de mercado e a rentabilidade, apostando em estratégias flexíveis e na adaptação rápida às mudanças do cenário global.